Sintonizo-me agora
com todos os sons ao redor.
Me sinto abraçada por eles
e o seu abraço é quente.
Implodindo em sons,
me desintegro em canções
e em Camões.
As partes do corpo que
tal esplendor sensacionam,
desinstegram-se e dissolvem-se
à medida em que formam canções.
Saídos de mim,
carregam minha pele,
quebram meus ossos,
rasgam minhas veias,
lançando à terra o sangue
que escorre em mim.
Levando consigo
os elementos que me compõem,
levam também a mim.
Componho-me,
eu mesma,
aos ouvidos atentos
e dispostos a ouvir.
Sinto-me como num baile,
no qual meu corpo
lentamente se resfria.
Não há mais o calor dos abraços
nem tampouco os meus passos e os teus.
Soltamos as mãos e,
numa dança solo,
entro em erupção como um vulcão.
Expilo larva para queimar.
O meu corpo me conduzia
diante da condição de inseparabilidade:
conduzindo-me à minha própria condução...
Os sons fizeram-se passos compostos
por quadris, coxas, pés e mãos.
Impelida aos movimentos
como não podendo dizer não,
gentilmente há entrega
É como se toda a natureza
e tudo que nela, dela e por ela é
me invocasse numa dança
que sinto, penso e executo.
Sem pudor ou temor,
apenas o calor dos braços aos redor.
Há sorrisos
e corpos entregues.
Há paz
implodindo amor.
À Existência, um sentimento:
Gratidão.
Não é nem sintonia de fato,
é fusão:
eu sou tudo que é ao meu redor
e tudo ao meu redor, sou eu.
É para isso que eu existo!
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