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Sobre ser!

Já vou avisando que o "textinho" vai ser longo então se acomoda aí, pega umas almofadas, coloca Trem-bala pra repetir e me acompanha!

Há um tempinho eu vi uma publicação que dizia "Somos tão passageiros que, não somos, estamos". Eu compartilhei meio assim... Não concordava totalmente, mas não sabia dizer de outro modo, então coube no momento.

Depois de um tempo (bastante até, alguns meses), eu estava no grupo de estudos em fenomenologia (já falei um bocadinho disso por aqui, embora não explicitamente) num fatídico dia em que todo mundo faltou e ficamos só eu e o professor (sim!). Teve bastante assunto permeando a leitura e discussão. Dentre esses assuntos, eu trouxe a frase acima.

- Professor, uma vez vi uma frase que dizia o seguinte "Somos tão passageiros que, não somos, estamos". Mas se a gente reparar, essa frase ainda segue a ideia que a fenomenologia se propõe a refutar, a de que o ser é estático, constante.

- Sim!!! - e num lapso de iluminação, ele disse - Somos tão passageiros porque somos!!! É isso!!!

Ficamos alguns segundos em silêncio, os dois extasiados, empolgados, agraciados por essa iluminação, por essa coisa que se revelava ali, naquele encontro.

Essa frase ficou na minha cabeça e sim, eu concordo absolutamente com ela. Me dediquei a encontrar uma foto que coubesse e fazer uma artezinha pra difundir essa ideia por aí, pois acredito piamente que tem gente que também pensa assim. Escolhi uma foto de uma borboletinha morta, caída na areia, que eu havia compartilhado no instagram, em junho do ano passado, acompanhada do seguinte sobre (sobres são meus poemas e momentos íntimos e particulares):

"Sobre realidades

Você pode voar 
o mais alto que for.
Mas chegará um dia
que o chão terá força
maior do que a sua vontade.
Esse dia é bom
se você voou enquanto pôde :)"

Então, vamos deixar pra depois a discussão sobre a finitude e vamos falar um pouquinho sobre ser (não que seja possível dissociar essas coisas, mas vamos com calma, primeiro um pé e depois o outro).

Eu costumo ver/ler/ouvir gente dizendo "se não tivesse acontecido isso, não seria eu", "fulano não é mais o mesmo" e é sobre essas coisinhas que eu quero me debruçar. Uma frasezinha simples dessa, que se explica nela mesma ao dizer que "somos tão passageiros porque somos" só explicita em nós, que somos, o caráter de passageiros, efêmeros, finitos. O que se torna curioso porque nossa finitude nunca é absoluta (a não ser na morte e, talvez, nem aí. Inclusive, se alguém quiser papear sobre isso, eu adoraria! me escreve no e-mail ou em alguma rede social, vamos marcar uma tarde numa praça por aí).

Vamos pensar sobre isso... se nós considerarmos ser como estático/constante, nós realmente não seríamos nunca, posto que somos passageiros. Mas a fenô (pode chamar assim também, aqui a intimidade reina) vem com essa contraproposta de dizer que não! ser não é estático/constante e é aí que algumas ciências pecam, quando tentam encontrar a essência do ser em uma constante, em algo imutável, estático. Fugindo desse caminho tentador de sempre pressupor algo sobre ser e partir de uma concepção de tentar encontrar sua essência primeira e imutável, a gente entende que ser é em sendo. Dessa forma, nós não partimos da pressuposição de uma essência ou qualquer outra coisa que preceda o ser, do modo como ele se mostra.

Tá confuso, gente? Se tiver, pode falar, tenho o maior prazer em tentar explicar novamente!

Quando a gente muda, a gente deixou e não deixou de ser o que era antes. Pera, Thaís, tu tá louca? Tô não, gente eu acho. Vamos aqui. O céu. Ele é sempre o mesmo, não é? É sim, ele nunca deixa de ser céu. Mas, ele é sempre diferente também, não é? É sim! Tem dias que ele é céu azul anil, em outros é amarelo maracujá ou rosa pêssego. É sempre céu, é sempre o mesmo, mas é sempre diferente. Deu pra pegar?! Espero do fundo do coração que sim.

Então... a gente, quando muda... é sempre a gente, mas é sempre diferente. Afinal, estamos em constante mudança, ora! Volta lá pras frases que ilustraram lá em cima: "se não tivesse acontecido isso, não seria eu" bom, a gente vai dizer que seria sim. Não seria você nestes mesmos moldes, tal como é hoje, mas o fato de ser diferente é apenas uma das infinitas possibilidade de poder ser você! Entendem? Não existe só uma possibilidade, não existe só um caminho para ser você, você é infinitas possibilidades de poder ser e essas infinitas possibilidades sempre se renovam a cada escolha feita. E ainda é você! Foi, gente? Tá indo?

E a próxima "fulano não é mais ou mesmo". Realmente, ele não é. E que bom, não ser mais o mesmo, só mostra que ele é! Mas, mesmo não sendo mais o mesmo, fulano ainda é. Ele permanece sendo, uma das outras possibilidade de poder ser dentre as tantas que se apresentam diante dele.

O que nos faz ser é simplesmente isso: essa condição de passageiros, efêmeros, inconstantes, finitos.


Eu não sei se dei um nó na cabeça de vocês, se ficou difícil de entender, se tá confuso, se não concordaram com bulhufas do que eu escrevi aqui, mas se tu se interessou ou se não entendeu, ou se não concorda, ou sei lá o quê mais, fala comigo! Vamos conversar mais sobre isso ❤❤❤

Meu e-mail: thaisalanna.at@gmail.com (pode escrever outras coisas também, prometo responder!)
Meu Instagram e Twitter: @potedesorrisos

Até a próxima, queridxs. Eu mesma!

(21 de dezembro de 2017)

Comentários

  1. Ai que texto maravilhoso! A cada ponto era um BUM na minha mente. Confesso que não entendi tudo, mas tô tentando kkk. Vou até compartilhar porque verdades precisam ser lidas. ❤
    Parabéns

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