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Mostrando postagens de outubro, 2017

puta

vômito no chão da sala entre sangue escorrem lágrimas e palavras o corpo roxo desfalecia dolorido a garganta ardia tentando gritar        ninguém me escuta    estou sozinha             desgraçada! vadia!             era só não ter falado             era só não ter sorrido estava sim, esteve sempre no momento em que andava na rua e foi chamada de vagabunda quando negou um beijo e recebeu um soco quando olharam-lhe a roupa e chamaram-na puta a confusão na cabeça a fazia sentir-se culpada ela era, sabia. culpada por nascer mulher. nunca houvera sido seguro nascer fêmea performa feminilidade e fica no teu lugar aceita calada os elogios tem mais é que agradecer se fazes diferente os insultos são bem merecidos tu tem que aprender onde já se viu mulher com ambição de ser gente?

eternidade

o tic tac marca o passar do tempo, as horas, minutos e segundos e a seta para a direita o tempo passa vislumbrando a construção sobre os pilares de um amor recíproco enquanto se eternizam os momentos renova-se diariamente a paixão inédita dos primeiros instantes.

papel

folha de papel a caneta azul num traço forte e carregado risca vermelho que estoura no braço mancha a roupa mancha tudo o que ainda não estava manchado um caderno quase até o fim marcado, manchado poesia escrita num borrão de tinta vermelha saída de uma caneta azul

sete

absurdo do ser é senti r. tudo que esc apa ao fim é a ssim: a b-surdo ex-sist ir. que m me de ra um d ia foss e a ine xistênc ia absu rda tan to quan to o qu e a tor na poss ível se r. quem sabe um dia: se te dias da sema na, tal vez cin co. vai saber e u não q uero...

o muro (mudo)

Respeito minha decisão, ao mesmo tempo que indico "tudo bem mudar de ideia", aprendi a não andar (amar) sobre o muro por pura ganância de possuir ambos os lados existir é isso: infinitas possibilidades que se modificam, constroem, se desvelam e se escondem num eterno movimento da zona do nada, onde habita o todo possível e nesse movimento de realização hoje decido: respeito minha decisão. Escolho.

(de)terminei

Eu comecei a escrever pensando num outro alguém... terminei falando de você terminei com você terminei você da minha vida na minha ida determinei você terminei minha vida terminei minha vida sem você determinei minha vida não quis terminar você determinei minha vida com você

ânsia

vomito minhas angústias as lamúrias e tudo o mais que eu calo. as palavras engasgadas na garganta são intragáveis. eu vejo meus órgãos aos pedaços saindo de mim como saem as lágrimas salgadas que não ardem nas feridas abertas meu próprio corpo é uma ferida aberta que nunca vai cicatrizar constantemente reabre a si mesma

bolhas de sabão estouradas aos setenta e três anos de idade

"vai passar uma... coisa. E você não pode ficar no meio" essa coisa... é um corpo um corpo morto carregado por seis braços um corpo que eu vi sem vida dentro de uma caixa grade, depositário de morte que acolhe aquilo do qual todos fogem um corpo que sangra ainda, talvez, eu não sei 73 anos perfurados inúmeras vezes... por um homem: seu irmão. Eu não a conhecia, eu não o conheço tampouco essas pessoas sei quem são. Registro meu nome no livro que registra os que presenciam o fazer-se real  da morte não enquanto morrendo, tampouco enquanto possibilidade: morrer. Mas enquanto concretizado, executado, esgotado: morreu . Assassinada: não foi "simplesmente" morte. Foi "de repente" morta. Alguma coisa interferiu no ciclo dos acotecimentos que rege a Existência. Me sinto intrusa e sei que o sou. Intrometo-me na dor que não é minha, mas também o é a compartilho, sabendo que não tal qual. "não estoura ela, deixa...

aqui teria um título maior que esse, mas eu desisti de escrevê-lo

apaga a minha existência da tua e me expulsa dos teus sonhos e dos teus delírios e alucinações bloqueia meu contato nas redes e desfaz amizade comigo depois de deixar de me seguir exclui o texto sobre mim e me afasta da tua declaração versada sobre teu sentir quebra aquele porta-retrato com a nossa foto, no teu quarto ou coloca o registro de outro alguém queima as cartas que te escrevi, com prazer vendo as cinzas das palavras coloridas as fotos, os desenhos, a camisa o "nosso livro". Destrói tudo que te faz lembrar de mim como Joel, me apaga da tua memória pois como Clementine, eu já o fiz. só isso permitiria um reencontro lê isso que eu escrevo, chora um pouco e pensa "por quê?" não leva a sério pois são coisas que eu não diria tampouco gostaria de dizer seria mais fácil se fosse assim, você há de concordar, eu hei de saber. mas não é o que sinto, não é o que desejo e nem o que ouso te pedir rumina essas palavras, mas n...

Sobre Genira (novamente)

A tua boca, já sem dentes, repete um mantra incômodo aos ouvidos alheios, mas que acalenta aos teus. Os teus olhos saltados, curiosos como os de uma criança, parecem sempre procurar algo (e nunca encontrar). A tua pele nua, flácida, sensível ao frescor da água fria, envelhecida e enrugada, cheia dos sinais e marcas (do tempo e das injeções), é a minha definição de beleza. Nem mais o próprio falar, nem mesmo o fazer, tu consegues organizar. Teus pensamentos perderam o ritmo e já não encontram sentido. A tua fala se embaralha e as histórias viram uma, viram duas, viram várias... Ah, minha menina, queria eu poder saber o que se passa na confusão da tua cabeça. Se pudesse, eu organizaria teus pensamentos e aliviaria a confusão das tuas dúvidas. Não sei se tu podes sentir meu amor, se quando fores  vais saber... Mas por mais que logo esqueça, você sempre sente os meus cuidados. Eu vejo isso em teu sorriso, nos agradecimentos tímidos, na tua mão...

um dia foi, e foi muito bom

era sincero e estava tudo bem não tínhamos nada, realmente. Não que já não houvéssemos tido. Tivemos, sim. e foi ótimo, foi bom, mas passou. E não haviam acordos ou concordâncias sobre o estar junto, apenas o desejo de ver ao outro novamente. Como planos que se seguiam e, caso se cruzassem numa estrada qualquer da vida, seria festa então. Seguimos assim. Até que, num dado momento, de engano me acusou. Descrente e sem poder compreender, eu aceitei daquela vez (mais uma vez).

pescaria

Como verso que me fisga, poema na isca. A dor de rasgar o início da escrita o prazer de capturar poema. Onde pode viver, é longe de mim. Como alimento, é morto e somente. Ao que se permite ser fisgado, que me sacie com a escrita rota.

Então, não estamos mais juntos...

um dos meus casais favoritos não está mais junto. Foi um choque quando eu soube     mas tudo bem,    nós também já fomos    o casal favorito de alguém e tudo bem eles eram lindos juntos e são lindos separados também. Ela é linda com outro rapaz e ele lindo com outro alguém. Ambos exibem beleza mesmo sem ninguém. Eles eram lindos e eu os amei enquanto puderam ser juntos. Eles se amaram também. É o que diziam por aí... agora não mais, ou talvez sim... De qualquer forma, "tudo bem".

As palavras que eu mais uso

aquele site do efe azul tentou mostrar as palavras que mais uso e formou poemas sem a intenção: História Padrão sendo mulheres todos dias: luta. ------------------------------------------ Coisa Foto, congresso, texto... humano =/= homem "cara desse, Miguel!" "Nada contra arte, Alanna" ------------------------------------------ Dona vida, pode ouvir Genira quiser dizer: - amigos, olha... Pena ainda hoje meio mundo falar outras/todas vezes: sofrimento amor . ------------------------------------------ Momento Gente... pessoas, amores: tudo amor sofrimento ! Precisa, assim, lembranças. ----------------------------------------- Nunca Dito Poesia quer, então, fazer forma: mulher aberta, algo escrito.