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Mostrando postagens de agosto, 2017

são dias com céu nublado ameaçando uma chuva que demora a cair

São dias que a gente dói e nosso sangue escorre na pele de um outro alguém São dias de lágrimas sinceras, de peito apertado a ponto de faltar o ar São dias que a gente grita a repulsa à existência que outrora nos fascina São dias de "não aguento mais" "não consigo estar aqui" "ainda tenho que fazer isso" São dias recheados de deveria de tenho que São dias em que a gente ignora os poderia os acontece os tudo bem São dias em que o absurdo se apresenta e a gente abraça e a gente acata a sugestão. No fundo, querendo e repetindo que não: a gente, de alguma forma, se esgota, se mata cessando a reclamação.

Faz sentir

Me perco no relevo da tua pele Teu beijo me aquece o corpo e me pede sorrisos. Teus abraços como encaixe justo não me sufocam, confortam. Tua presença se revela mesmo em ausência e, até de longe, és conforto. O caminhar as conversas, o silêncio. A construção do amar Em verso te verso. A mim lembro: não peço que não me deixes de amar. Enquanto for que haja chão e se pudermos por quanto tempo restar Construiremos um "onde", um "quando", um "como" amar. Faz sentido enquanto faz sentir Momento, instante. Eu sinto.

K.

Teus olhos parecem sempre concentrados em algo. Ao te conhecer, te elogiei as sobrancelhas. Elas, sérias, ornam com teu olhar. Te ouvi tocar pela primeira vez curtindo deliciosamente o som gostoso e melancólico que pairava. Te li falar de amor e me identifiquei sem nem nunca ter dado um "oi", pensei "o amo, é certo!" e te amava por amar como eu. Te conheci por acaso, sem querer, por amizades em comum e uma tarde de conversas sobre o morrer. sem nem dar tempo a um abraço. Pouco depois, uma promessa: "a próxima vez que te ver, vou te dar um abraço gostoso!" promessa cumprida numa passagem de corredor. Tempo passa, vai e volta, reviravolta e de novo o amor! De novo o amar igual, tanto as pessoas, quanto o tédio e um dia chuvoso. Uma madrugada de conversas sobre o amar, o doer, o faltar... Sintonia que não me assusta, do contrário: acalenta. Dia desses eu quis colo e cafuné, mas, curiosamente, fui teu colo e te fiz cafuné e, ass...

machista escroto

esse teu jeito galanteador, cavalheirismo disfarçando teu machismo eu sei fazer só, não preciso de você não vejo gentileza, pois na verdade não há. Chega me abraçando, me mantendo ali, de certa forma me prendendo, beijando onde quer e eu aqui procurando a liberdade que estou certa de não ter te dado. Você parece estar bem acostumado a levar meninas nessa tua conversa mole, mas comigo não (e sei que você percebe). Esse teu "romantismo", é nada mais que abuso. E isso, escroto, ah... isso eu não aturo!

Sobre me livrar de você

ele me procura bêbado e tenta vomitar tesão é um nojo e eu não suporto "você me despreza" ele dizia. eu desprezo, é verdade te olho com desprezo te sorrio com desprezo te abraço e até te beijo com desprezo te desprezo com amor amor de odiar odiar você da forma mais intensa que eu puder "se não quiser me ver..." não faz diferença para mim, eu pensei tanto faz te ver ou não, eu pensei fazia diferença sim, eu queria te ver sentir asco sentir nojo te desprezar mais uma vez te olhar e lembrar: das merdas que você disse das merdas que você fez do quanto eu ficava bem quando estava longe de ti tua existência personifica o inferno em vida pra mim lembrar disso é lembrar que eu vivo o céu, sozinha, longe de você e que se foda o seu tesão a porra da sua admiração que mascara o desmerecimento por tudo que eu faço, que eu penso, que eu leio por tudo que eu sou te mantive na minha vida por querer te manter longe de tanto não fazer dif...

Vi a Lua dançando, numa noite sem luar

Era noite e o céu estrelado não tinha luar. Lá, outra Lua brilhava. Empática e humildemente compartilhava seu brilho. Não dividia, multiplicava. Fazia mais de um... Se bem que é brilho (não há como medir) Vendada, trajava preto e, claramente, tinha um par. Vai saber! Digo  que vi: a existência, despudorada. tirou a arte para uma dança e a artista, espontaneamente se entregou sem hesitar. E o instante disse: - que haja arte! E arte se fez!

Artur

Artur, sem agá Tem nome de rei. Soberano quando o assunto é afeto - me afeta como ordem da nobreza à qual me submeto voluntariamente - com palavras e fotos conta os dias, um a um te acompanho em caminhada observando, acolhendo, ressignificando os significados que você vê. Te ver é euforia nos meus dias, é acolher sentimentos com um abraço forte e um sorriso sincero e uma voz gostosa que eu adoro ouvir. Artur é sorriso no meu pote!

Para quando Ynara queria um abraço

Ta tudo bem sentir-se assim (eu posso imaginar que, talvez essa seja a última coisa que você queira ouvir) "ta tudo bem" não tá não, você mostra daí eu vejo daqui. Mas o que eu quero dizer é que tá tudo bem o fato de não estar tudo bem. Não precisa ser sempre assim. A vida é isso mesmo, é esse vai e vem - sem fim. Te ofereceria um abraço, se pudesse. Como meus braços não alcançam que te toque meu verso. Fica bem. Ou fica mal, mas lembra que tudo bem sentir-se assim.

Sobre nossa saudade

Matar a saudade (quanta crueldade!) é tão bonito esse existir por ora, é o que te personifica aqui. Se sinto saudade: (saudade de ti) destinada a alguém, sentida por mim. De certo modo, é o que nos liga tu aí, eu aqui. a saudade é (entre) Entre, meu bem não se despeça da saudade assim. Traz ela contigo, aqui. Do latim solitas "solidão, retiro" (que não retiro de mim), de solus , "sozinho". Tem a ver com solidão distanciamento da presença (a falta do "carne e osso") e im(a/i)nência dela aqui.

Velório

o velório é preparado para os vivos. eles não velam um corpo não lhe preparam passagem. eles velam a si mesmos, velam um fim, um mundo cujas possibilidades escancaram esgotamento e impossibilidade. os mortos não são velados, os vivos velam a própria dor.

Velório

é tudo muito carregado. vida e morte, dor e alegria. o interessante mesmo, é não serem antagônicos tampouco excludentes são, em verdade, complementares. um não existe sem o outro. eu respiro um ar pesado, lágrimas me enchem (e incham) os olhos há um corpo, o responsável por reunir as pessoas aqui, um que eu sei não mais ter vida um que eu não pude ver antes do último suspiro deitado sem vontade nem resistência num caixão cuja tampa vai baixar sem tornar a levantar jamais... de todas as possibilidades nenhuma existe mais é um corpo imóvel sem o sopro, sem a vida toda a ação orgânica responsável por manter a vida não cumpre mais sua função. mas não é só isso não é só um corpo, carne, sangue e osso além disso é cada memória é cada espaço corrido, e cada pedaço de chão pisado é cada roupa já vestida e cada perfume usado. é cada abraço já dado (e os não dados também) é cada "eu te amo" dito (os silenciados também) não é só corpo ...

"Morreu"

eu li notícia de morte perdi o chão quis parar ali mesmo, na calçada. minha cabeça girava eu girava procurando direção olhei as estrelas e pensei "mortas, como você"

Enterro

sob sete palmos debaixo da terra reside um corpo. ao qual se confunde um mundo. um mundo sob e acima dos sete palmos um mundo infinito neste universo. um corpo que não ressuscitará ao terceiro dia.