o teu silêncio se apresenta ao som de um sussurro
que soa aos meus ouvidos como Zabumbê-bum-á
incômodo e extremamente perturbador
entorpece inebriando como que anunciando o causar da dor
e me obriga a apertar o pause fechar a janela
e esquecer o nome do álbum e do autor
depois de resguardá-lo numa parte de
minha memória não materializada
que salta como notificação não vista
sempre que me encontro com o horror
cada distanciamento e aproximação
me parece sempre estranho e incomum
o som da tua risada se confunde à Suite Paulistana
e ao meu grito calado por mil vozes gritando
em minha cabeça o quadro de Dalí sobreposto ao de Magritte
Ceci n'est pas une pipe
nem uma cabeça nem minha cabeça
nem meus olhos meu nariz a minha boca nem um rosto
sou um nada um vazio provocado pelo tudo que antes houvera sido
quem sabe um dia talvez tivesse deixado de ser
como os comentários que já não existem
a tua presença se convertendo no que um dia foi e foi muito bom
anunciando uma ausência desmedida que ocupa os espaços
dos abismos construídos pelo fazer-se existir
Comentários
Postar um comentário