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Mostrando postagens de novembro, 2017

sacia-me

sedenta por ti por tua boca de rio e teu corpo de onda que reverbera aos toques suaves e intensos dos meus dedos pelos que se eriçam corpo que se entrega mãos que passeiam entre nós intensificando a ousadia dos olhares mudos e dos sorrisos frouxos imersos em desejo.

caixa com asas

como a caixa escura                                 me captura. me rouba a dança                                 me apresenta a cena. encena um passo e me convida:          "vem!"

fada

as luzes indicam o caminho entre os passos dos pés virados apontando o Norte ao Sul como querendo indicar - aos que percebem - um outro caminho. a forma humana se apresenta àqueles que podem vê-la os sussurros da voz masculina e aveludada em alguns momentos a luz se apaga outrora permanece acesa. se jamais apaga, o que seria?

Zambumbê-bum-á

o teu silêncio se apresenta ao som de um sussurro que soa aos meus ouvidos como Zabumbê-bum-á incômodo e extremamente perturbador entorpece inebriando  como que anunciando o causar da dor e me obriga a apertar o pause fechar a janela e esquecer o nome do álbum e do autor depois de resguardá-lo numa parte de minha memória não materializada que salta como notificação não vista sempre que me encontro com o horror cada distanciamento e aproximação me parece sempre estranho e incomum o som da tua risada se confunde à Suite Paulistana e ao meu grito calado por mil vozes gritando em minha cabeça o quadro de Dalí sobreposto ao de Magritte Ceci n'est pas une pipe nem uma cabeça nem minha cabeça nem meus olhos meu nariz a minha boca nem um rosto sou um nada um vazio provocado pelo tudo que antes houvera sido quem sabe um dia talvez tivesse deixado de ser como os comentários que já não existem a tua presença se convertendo no que  um dia foi e foi muito bom anuncia...

foi Sofia porque não era eu

elogio escroto abuso desmedido o convite o encontro a ofensa não é como eu quero não é mulher de verdade o defeito ta nela na sua pele no que pode sentir no que não sente o problema não são minhas mãos meus dedos sem tato meu cheiro que enoja quando cala a fala eu finjo que não sei nada que não fiz nada que era piada mas repito e repito palavras de merda eu digo escuta ela não pára de falar filha da puta desgraçada não sabe o teu lugar? recebe só aceita boca fechada não diz nada você não sabe o que lê o que vê o que sente você não sabe nada mulher não sabe nada sai daí eu já disse é melhor não se meter me escuta sua puta faz o que eu achar melhor você fazer não era nada nunca foi nada era só o que tu pensava mas era sim você tava marcada a tua pele estava a tua mente estava a tua imagem estava agora não tem mais jeito é tua sina ver minha mão segurando teu braço quando você disse não eu só queria não saber o que você sentiu o que você...

cegueira

te cega pra não me ver me apaga do registro fiel das tuas memórias e ignora o meu existir como se fosse simples finge que eu não vivo, não morro nem nunca vivi e frequenta os lugares marcados naquele teu mapa mental todos com alfinetes de grandes cabeças vermelhas que parecem gritar com minha voz: - oi, estou aqui também segue cego sem aquele receptor específico que guardou a minha imagem e a implanta nos teus sonhos e delírios e alucinações e pesadelos e onde mais for possível

the purge

eu tenho olhos de Sol meu corpo é quente e vermelho sinto o sangue virar em chamas a pele derrete e a sensação é boa expurgo de mim me queimo um sacrifício à Existência por existir

sussurro

tua boca quente discreta esquenta e corta o pranto curto a todo gosto sincera salgo que salgas me lleva de ti cigano cigarro a ponta aponta a ponta do porre e do cuspe o murro na faca a gosto amargo de sangue saliva áspera aspira à espera esporro seca no canto da boca entre as coxas e virilha cachoeira

orgástico

meus dedos em teu sexo tua boca em meus seios nossos olhos concentrados em fitar-se permitindo atenção ao som do roçar dos dedos dos teus pés no relevo das minhas coxas os sussuros os gemidos e o arfar da respiração me sufocam e me dão prazer dois corpos morto vivos tocam-se lambuzam-se a seu bel prazer no pecado a eternidade os toques de corpos amantes soberanamente suturados amor é ferida de alma poros e pelos é suor no corpo tremendo a sala fria e o sangue rápido pulsando a ritmo frenético fervilhando na pele o desejo na carne a saciedade no sexo o prazer delira exultante entregue ao que há de mais humano e mais animalesco numa existência torpe.

A Valsa

Sejamos um . Não para o outro. Um no outro Duas mãos coladas, um corpo no outro, teus olhos nos meus, minha boca em teus ouvidos. Teu perfume, meu vício. Tua luz, meu calor. Minha vida, teu destino. Minha sina, ser para ti homem e menino. Dedos entrelaçados, rostos colados. Dois corpos valsando uma melodia eterna e inaudível. Um passo a cada batida de nossos corações, que num ritmo único, são os maestros na valsa. que aos poucos vai silenciando... não se ouvem  mais passos, não se ouvem mais batidas. Valsamos juntos rumo à eternidade. Em uma valsa perfeita e incansável. Miguel Araújo -  aquele pseudônimo de 2013. _______________________________ Aqui tem uns textos de Miguel e uns meus http://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=134018

(cinco de julho)

Menino, eu queria é beber contigo. A gente se ofendia, chorava e se beijava (esse último é dispensável). Que tal? A gente falaria o que sente Pediria desculpas sinceras Xingaria a família e os amigos Amaldiçoaria os futuros relacionamentos um do outro Desejaria felicidade um ao outro Se ressentiria um com o outro remoeria o fim do "para sempre" A gente se odiaria, se olharia friamente A gente ia mandar um ao outro à merda, ao inferno. e iríamos juntos A gente sorriria ouvindo os relatos dos encontros com outras pessoas...